Foto:
Josi Pettengill/ Secom-MT
Muito tem
se investido na intenção de tornar amigável a figura do policial militar junto
à sociedade. É válido apostar em iniciativas que apresentem uma boa imagem em
escolas, feiras, exposições, através de iniciativas na área cultural, social,
do esporte, entre outras. Mas, apesar do empenho nessas frentes, deve-se ter em
mente que os policiais não foram feitos para serem adorados por todos.
Nos
conflitos da infância, há vários momentos em que a criança desenvolve, ainda
que momentaneamente, um sentimento ruim ante seus pais, cuidadores ou quaisquer
outros responsáveis pela sua tutela. Na adolescência, muitos são os conflitos
com os funcionários que controlam a disciplina no ambiente escolar. Na
juventude e idade adulta, é a vez da Polícia fazer o papel de freio e arcar com
o dissabor de ser malquista por cumprir tal missão.
Todo ser humano deseja ser
dono de si, gozar da plenitude do discernimento, sendo soberano em suas
liberdades e senhor das razões. Porém, a autoridade policial aparece justamente
no instante em que é necessário estabelecer um limite, que necessariamente deve
ser observado, ainda que para isso a coerção seja aplicada mediante uso da
força.
Quando o guarda intercepta um veículo para checagem de documentos, é
natural que o condutor se sinta incomodado pela interrupção da ação que
praticava sem desejar ser interrompido. O jovem não gosta de prestar
declarações sobre as motivações de suas atitudes em determinado local, mulheres
ficam descontentes com vistorias feitas na intimidade de suas bolsas. É para
essas e outras missões incômodas que os policiais são preparados e destinados.
Daí a necessidade de aceitar que, a despeito da importância de praticar ações
comunitárias visando uma identidade de polícia cidadã, o agente da lei
representa um incômodo na psicologia de cada indivíduo. À medida que ele é
investido de certa autoridade, colocando-o relativamente em situação superior
no âmbito de suas ações, isso provoca naquele que se subordina uma inquietação
desconfortável.
Há de se ter maturidade e mediar esse conflito subconsciente de
forma razoável, preservando uma boa relação interpessoal. Delira quem supõe que
chegará o dia em que todos serão só sorrisos ao ver um policial, e também
equivoca-se aquele que assume uma postura que justifique a repulsa constante da
população. A Polícia está nas ruas para ser chata, estabelecer limites e
restringir liberdades. Um senso claro relativo à supremacia do interesse
público sobre o privado é necessária para facilitar a aceitação da condição que
se apresenta para as partes.
Fonte: Abordagem Policial.