sábado, 11 de junho de 2011

Mais de 400 bombeiros que estavam em quartel de Niterói são soltos

Eles deixaram unidade após chegada dos oficiais com os alvarás de soltura.

Na sexta (9), deputados federais conseguiram habeas corpus na Justiça.

Lilian Quaino Do G1 RJ


Bombeiros de Charitas são soltos (Foto: Lilian Quaino/G1)

Bombeiros que estavam presos deixam quartel de Charitas na manhã deste sábado (Foto: Lilian Quaino/G1)

Um dia após a Justiça conceder um habeas corpus, mais de 400 bombeiros que estavam presos no quartel de Charitas, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, deixaram a unidade por volta das 9h15 deste sábado (11).

Há queima de fogos e eles entoam o hino da corporação. Os bombeiros também cantam palavras de ordem pedindo anistia. Eles estão concentrados em frente ao quartel aguardando a chegada dos últimos dez alvarás de soltura que estão vindo da Polinter, para embarcar em ônibus que devem levá-los à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no Centro.

Os bombeiros informaram que estão programando uma passeata de agradecimento à população na manhã de domingo. O Sindicato estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) afirmou que também vai participar do evento. A categoria está em greve por tempo indeterminado por reajuste salarial.

PM  de prontidão no domingo

O comandante-geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte determinou que toda a tropa fique de prontidão das 8h às 14h de domingo (12). As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Militar neste sábado (11). Segundo o relações públicas da PM, coronel Ibis Pereira, "nós somos responsáveis pelo policiamento ostensivo. Ele afirmou ainda que a medida foi tomada para que a passeata ocorra dentro da normalidade já que "não há condições de prever o número de manifestantes. Então, para otimizar o efetivo, a gente tem esse recurso".

O coronel disse também que a medida não tem o objetivo de evitar que policiais participem do evento, mas que é preciso reunir o maior recurso possível para atender a demanda.
"Não é para impedir ninguém de ir. Tenho certeza que será (a passeata) pacífica".

Bombeiros presos aguardam alvará de soltura no quartel de Charitas, em Niterói (Foto: Marcelo Theobald / Agencia O Globo )
Bombeiros aguardavam alvará no pátio do quartel de Charitas (Foto: Marcelo Theobald / Agencia O Globo )

Na noite de sexta (10), um grupo formado por nove militares que estava preso no Grupamento Especial Prisional (GEP), em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, já havia deixado a unidade.

A expedição dos alvarás de soltura atrasou, segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), por causa de uma sobrecarga na rede de informática do próprio tribunal. Os documentos começaram a ser assinados no início da noite de sexta-feira pela juíza titular da Auditoria da Justiça Militar do Rio, Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros.

O habeas corpus foi conseguido por um grupo de deputados federais na madrugada de sexta-feira. A decisão que favoreceu os presos foi do desembargador Cláudio Brandão, que estava de plantão judiciário na madrugada. Em parceria com a Auditoria Militar, técnicos da Diretoria Geral de Tecnologia da Informação (DGTEC) do TJ agilizaram a digitação dos alvarás.

Procurado pelo G1, o Tribunal de Justiça explicou que o habeas corpus é uma decisão liminar, que ainda vai ser julgada. Ou seja, será enviado por sorteio a uma Câmara Criminal. Nela, o relator, que também é um desembargador, poderá confirmar ou não a decisão.

Na frente do carro, cabo Daciolo, um dos líderes do movimento, comemora a libertação (Foto: Mylène Neno/G1)
Na frente do carro, cabo Daciolo, um dos líderes dos
bombeiros festeja libertação (Foto: Mylène Neno/G1)
Durante a noite de sexta, mulheres e filhos dos bombeiros entravam e saíam do quartel de Charitas a todo momento em busca de informações. Do lado de fora, um grupo de pessoas fez coro para pedir a libertação. Enquanto isso, uma carreata formada por, pelo menos, seis carros, deixava o Grupamento Especial Prisional (GEP), na Zona Norte, com os nove militares soltos.

A saída dos bombeiros foi marcada por bunizaço e bandeiras vermelhas. Segundo Cristiane Daciolo, mulher do cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento que estava preso, os oficiais entregaram os alvarás de soltura de três líderes do movimento e outros seis oficiais, incluindo a tenente Lucrécia Belo da Fonseca.

Cristiane informou também que na próxima segunda-feira (13) deve haver uma reunião dos bombeiros com representantes do governo. "A reivindicação hoje é pela anistia, após a libertação dos bombeiros. Queremos principalmente a anistia. As reivindicações por melhores condições de trabalho e salário continuam", disse ela.

MP denuncia bombeiros e PMsAinda na noite desta sexta-feira, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou à Justiça, os 429 bombeiros e dois PMs que foram presos após manifestação que culminou com a invasão do quartel. As informações são do MP-RJ. A denúncia foi subscrita pelos Promotores de Justiça Leonardo Cuña e Isabella Pena Lucas.

Secretário diz que não haverá perseguição a presos

O secretário estadual de Defesa Civil e comandante dos bombeiros no Rio, Sérgio Simões, declarou em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (10) que não haverá qualquer tipo de perseguição aos agentes.

"Não haverá perseguição. Perseguição não é a palavra adequada para a instituição Corpo de Bombeiros. Vamos nos ater à apuração dos fatos, nada além disso. A palavra que tenho com minha tropa é respeito", disse o comandante, que afirmou, ainda, que os bombeiros poderão voltar ao trabalho normalmente.

Prisão no sábado


Os mais de 400 bombeiros estavam presos desde sábado (4), após policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) invadirem o quartel central do Corpo de Bombeiros. Mais de 2 mil manifestantes tinham tomado a unidade na noite de sexta-feira (3).

Bombeiros grevistas que não foram presos fazem manifestações nas escadarias da Alerj desde domingo (5). Na manhã de sexta, eles permaneciam com barracas de acampamento e faixas. Após receber a notícia, o porta-voz da corporação, cabo Laércio Soares, disse que foi feita a Justiça e que agora aceita conversar.

Fonte: G1.

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