quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Policiais Militares se sentem escravizados no trabalho, aponta pesquisa

Tese de doutorado revela que estrutura militarizada é propícia para problemas nas relações com superiores.

 Policiais que se consideram tratados como escravos ou prisioneiros, trabalhando sob constante pressão e a base de calmantes. É esse o cenário a que muitos PMs estão submetidos em seu dia a dia e que aparece retratado na tese de doutorado da socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) Viviane de Oliveira Cubas.

 Para o trabalho, apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), ela entrevistou 15 policiais e analisou as queixas registradas na Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo entre 2006 e 2011. Neste período, foram 1.716 denúncias feitas somente por policiais, sendo que 95,7% do total são reclamações de integrantes da Polícia Militar e apenas 4,1% da Polícia Civil.

 A explicação para a diferença no número de queixas de seus integrantes pode estar no fato de uma corporação ser militarizada, e a outra não. “Os números mostram o quanto essa estrutura acaba propiciando relações bastante tensas entre os policiais”, explica Viviane.

 O resultado da análise comprova o problema de tratamento que existe entre subordinados e chefes na Polícia Militar. Cerca de 80% das queixas tratam de “problemas nas relações de trabalho” e quase metade (39,5%) se refere apenas a assédio moral ou escalas de trabalho.

 Nas denúncias de abuso, por exemplo, a maior parte é contra oficiais superiores hierarquicamente. “O que dá pra dizer é que todo superior, a partir do momento que tem um pouco mais de poder, abre brecha para exercer força sobre subordinados”, argumenta.

 Os abusos

 Dentre as queixas as quais a socióloga teve acesso, há uma, por exemplo, que relata as metas para prisões em flagrante estabelecidas por um comandante que, quando não cumpridas, resultavam na transferência de policiais ou em banhos com água fria e fardados. A denúncia informa ainda que quatro policiais contraíram pneumonia por conta do castigo. Em outra, um oficial relata que, como forma de punição, um major teria obrigado os policiais a pular em uma lagoa com barro e excrementos de animais.

Sobre as escalas, as reclamações normalmente são de sobrecarga nos horários de trabalho. Por várias vezes, os policiais enfatizam cansaço físico e mental após várias horas ininterruptas em serviço, o que aumenta as possibilidades de erros ou agressividade contra cidadãos.
Há denúncias em que policiais alertam para a possibilidade de colegas serem violentos com seus superiores. Em dois casos extremos, um policial teria disparado um tiro dentro de uma base da Polícia, devido ao excesso de trabalho, e, em outro, oficiais teriam presenciado um colega apontar a arma para a própria cabeça.

Muitas vezes, o estresse é provocado pelos próprios superiores. A pesquisadora cita uma denúncia na qual um major e um capitão tinham escalado a tropa para trabalhar na segurança das estações do metrô, entre 9h e 22h, sem meios de comunicação, sem autorização para almoçar, beber água ou ir ao banheiro, além de terem colocado um oficial para vigiar, com a possibilidade de puni-los caso desobedecessem às ordens.

Questões emocionais
 
Na fase em que entrevistou policiais, a pesquisadora abordou a questão dos desvios de conduta, como uso excessivo da força e corrupção. Apesar de os PMs condenarem veemente este tipo de comportamento, a maioria dos que aceitaram participar do estudo viu problemas emocionais - não de caráter ou treinamento.

“Eles entendem que neste tipo de situação o policial saiu do seu controle por questões emocionais. Isso foi um pouco surpresa para mim. Achei que eles tivessem outra percepção disso. Qual a estrutura que os policias recebem para manter o controle emocional? Isso não aparece na fala dos PMs. Parece que a instituição cumpre seu papel. Acho que eles não se dão conta disso”, opina Viviane.

A pesquisa não abordou como os abusos, a carga de trabalho e a infraestrutura influenciam na conduta do PMs durante o policiamento ostensivo, mas, na opinião da acadêmica, os números e os depoimentos podem ser sinais disso. “Isso é uma coisa que surgiu e que tenho vontade de estudar. O quanto esse modelo de tratamento, muitas vezes desumano, desigual e autoritário vai refletir do batalhão para fora? Se internamente eles trabalham numa ótica em que não são iguais, sempre alguém vai estar acima de alguém, como isso vai refletir depois na rua para a garantia de direitos de igualdade? Como desse jeito eles toleram quem questiona a atitude deles? Não é uma coisa que explorei, não estou afirmando, mas é muito provável que isso vá para fora dos batalhões”, conclui.

Fonte: Portal IG

sábado, 17 de agosto de 2013

Em quatro anos, 77 policiais foram afastados por transtorno mental

Na Polícia Militar da Bahia, entre 2008 e 2012, 40% dos PMs afastados por problemas de saúde apresentaram distúrbios mentais e de comportamento. Na sexta-feira, um policial depredou um ônibus no Centro após uma crise.

 Era uma data especial e isso não mudou nada. O soldado Jéferson Alves, 33 anos, então da 58ª CIPM (Cosme de Farias), apontava uma pistola para a própria cabeça enquanto as mães de todo o Brasil recebiam rosas vermelhas e outros mimos. A sua talvez o esperasse para o almoço naquele domingo, 12 de maio deste ano. Sentado na cama, Jéferson ainda conversou com alguém ao celular antes de apertar o gatilho. A PM perdia mais um dos seus homens. Não para o crime, mas para ela própria.


E assim foi com o capitão Alexsander Valério Ferreira, 38, da 15ª CIPM (Itapuã), que também se matou em sua casa, neste caso por envenenamento, no dia 9 de junho;  e com o soldado Aloísio Santos da Rocha, do Departamento de Planejamento, que atirou contra a própria cabeça no primeiro sábado deste mês. 

Os três suicídios de policiais em 2013 até alarmam a Polícia Militar, já que, de acordo com números não oficiais, a média é de dois ao longo de um ano. Mas, pior que as histórias por trás dos suicídios é a constatação de que elas são apenas a consequência trágica de um problema muito maior.

Dados do Centro de Perícias Médicas Militares (CPMM), aos quais o CORREIO teve acesso, mostram que, entre 2008 e 2012, a PM registrou 184 afastamentos definitivos e temporários. Destes, mais de 40% (77) estão relacionados com transtornos mentais e de comportamento. 

 Os casos de síndrome do pânico, tensão pós-trauma, transtornos compulsivos e, como no caso de Jéferson, depressão, se multiplicam e são cada vez mais comuns. Pelo menos cinco policiais militares que tentaram suicídio estão atualmente em tratamento no Serviço de Valorização Profissional (Sevap), responsável pelos atendimentos psicológicos na PM.

Silêncio

A família de Jéferson prefere não falar. Mas amigos e colegas de farda estão certos de que foi a rotina da polícia que o fez cometer suicídio. “Depois que virou PM entrou em depressão. Se isolou, deixou de ser aquele cara alegre”, narrou uma amiga bem próxima. “Não aguentou a pressão e não teve ninguém dentro da polícia que evitasse a tragédia”, disse um colega soldado.

Resultado do dia a dia de violência que Jéferson enfrentava, o Sevap realizou, somente em 2012, 1,4 mil atendimentos — sendo 123 casos encaminhados para o setor de psicologia. Entre os psicólogos do órgão há um sentimento comum de que a demanda é grande demais para o tamanho da estrutura.

“A quantidade de profissionais não comporta. São casos difíceis e crônicos, que duram quatro, cinco meses de tratamento”, afirmou o major Antônio Honorato Barbosa, que assumiu a coordenação do Sevap há cerca de dois meses. “Por isso, nossa prioridade é sanar as demandas organizacionais. Mandar o policial para a clínica só em último caso”, admite.

Casos graves

Nos números não estão contabilizados os 27 encaminhamentos para atendimentos psiquiátricos em instituições externas. São os casos mais graves. Já que não existes psiquiatras na PM, eles são levados para locais como o Núcleo de Atendimento Psicológico (Nead), da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Sanatório São Paulo e algumas fundações.

“Na medida do possível, vamos encaixando esses policiais nestas instituições. Às vezes, até pela amizade”, explica o major Honorato.  

De todos, o Sanatório São Paulo é o único com capacidade de internação. “Aqui são comuns pacientes da polícia. São casos e mais casos de policiais internados ou que frequentam o hospital-dia”, afirma, sem se identificar, uma funcionária do sanatório, hoje conhecido como Espaço Nelson Pires.

“O excesso do Nelson Pires existe porque eles são a única opção”, confirma major Honorato. Procurado pelo CORREIO, o sanatório recusou-se a divulgar o número de pacientes atendidos.   

Os distúrbios psicológicos são um problema não só crescente, mas antigo dentro da PM. Um estudo de conclusão do mestrado pela Ufba, do psicólogo Robson Souza, mostra que o problema é grave pelo menos desde o início desta década.

A partir de registros do CPMM, no período compreendido entre 2001 e outubro de 2008, foram avaliados como definitivamente incapazes para a atividade profissional, em razão de transtornos mentais e comportamentais, 295 policiais militares. 


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Índices mostram que, na média, tropa da PM já beira a obesidade

Sem psiquiatras

 Na época, o número correspondia a aproximadamente 1% do efetivo. “Todos foram reformados com idade entre 35 a 45 anos. Uma perda significativa para a corporação”, escreveu Robson, que é psicólogo do próprio Sevap.

A diferença dos dados antigos para os mais recentes é a quantidade de afastamentos definitivos. Atualmente, os policiais são afastados muito mais de forma temporária. Tanto que, dos 77 afastados por problemas mentais entre 2008 e 2012, apenas dois foram reformados.  

Segundo os próprios psicólogos, isso ocorre porque não há psiquiatras para afastar os PMs, o que aconteceu após o fechamento do Hospital da Polícia Militar, há dois anos. Simplesmente, não há quem emita laudos de afastamento. Os médicos psiquiatras de instituição de fora não teriam essa autoridade.

“O que existe hoje é a política de manter o cara na corporação, mesmo que ele não esteja funcionando. Estou tratando um policial bipolar que não tem condições de ir para a rua, mas só posso afastá-lo temporariamente. Já fiz isso várias vezes. Em todas, solicitei também o afastamento da arma”, afirma Robson.

Mas há exceções. Casos tão sérios que nem a própria PM consegue barrar o afastamento. Uma soldado que era lotada na 50ª CIPM (Sete de Abril) sofreu anos com síndrome do pânico, “psicose não específica” e episódios de depressão.

Com mãos trêmulas e olhar sempre direcionado para o chão, ela conta que não suportou a pressão da rotina, o que foi agravado por perseguições de oficiais por conta de sua doença. Hoje, ela toma dois comprimidos por dia de antidepressivos e se diz viciada no medicamento Rivotril. Acabou afastada das atividades em 2011.


Surto

Talvez seja o futuro do PM que, na sexta-feira à noite, depredou um carro e um ônibus na Avenida Joana Angélica. Lotado na 17ª CIPM (Uruguai), o PM se descontrolou e passou a dar socos e pontapés no para-brisa do ônibus, pulando de lá para o capô dos carros que passavam. “Ficou no meio da rua e chutava os carros que passavam”, contou uma vendedora ambulante.    

Em nota, a PM informou que o policial já havia dado entrada na Junta Médica anteriormente. Nesse momento, ele “se encontra afastado das atividades operacionais e administrativas em decorrência de tratamento psiquiátrico a que está submetido”. Após o episódio de sexta-feira, o policial foi internado em uma clínica psiquiátrica.

Depressão é principal vilã da saúde mental da tropa

Por que os consultórios do setor de psicologia da corporação estão cheios de policiais com depressão, estresse e transtornos compulsivos? Para o major, psicanalista e professor do mestrado de Segurança Pública da Ufba João Apolinário da Silva, a doença mental é algo latente no policial. Se o acompanhamento psicológico não for adequado, diz ele, qualquer policial pode ficar à beira de um ataque de nervos.

“Se não tiver apoio, com a rotina que leva e a pressão dos superiores, pode surtar mesmo”, explica o professor. Os próprios casos de suicídio seguem o mesmo caminho. “Quando o policial se vê sem condições de resolver seus problemas, ele opta pela autolesão fatal”.
 
Por isso, a preocupação com aquela que é considerada uma das principais vilãs da saúde mental do policial: a depressão, primeira da lista de doenças. “Uma das consequências da depressão é o próprio suicídio”, diz o psicólogo e sargento Robson Souza. Atualmente, ele  trata  no Serviço de Valorização Profissional (Sevap),  Dendezeiros, cinco PMs que tentaram suicídio.

Tanto João Apolinário quanto Robson destacam que, na última década, a PM passou a priorizar a capacitação operacional dos policiais em detrimento à saúde e ao bem-estar. A descentralização dos batalhões também teria desestruturado o psicológico dos PMs. Foi o fim do sentimento de corpo. “Não adianta ensinar ao policial a brutalidade. O PM tem que aprender a avaliar as situações usando o cérebro”, diz Robson. “Mas, para isso, o comando precisa entender que um policial equilibrado é tão importante quanto bem armado”, completa o major.

Policiais militares são pacientes que demoram a buscar ajuda

Entre psicólogos e psiquiatras, policiais militares costumam ser vistos como pacientes resistentes a ajuda. Mas, aos poucos, essa realidade está mudando. A procura pelo Serviço de Valorização Profissional (Sevap), responsável pelos atendimentos psicológicos na PM, tem crescido. E costuma acontecer de duas formas: pelo amor ou pela dor.

“O PM chega aqui através da influência da família ou, muitas vezes, aparece depois de uma situação de troca de tiros, de acidente com a viatura ou por ter assistido a morte de um colega”, afirma o coordenador do Sevap, major Antônio Honorato Barbosa.

Com 10 psicólogos, 14 assistentes e 4 enfermeiras, o setor tenta dar conta de  acompanhamentos sociais, que vão de palestras sobre alcoolismo nas companhias independentes até programas especiais, como o de combate ao estresse pós-traumático.

As companhias especializadas, a exemplo de Rondesp e Gêmeos, recebem tratamento diferenciado. Ao assumir o setor, há cerca de dois meses, o major Honorato iniciou uma política de expansão para o interior. O serviço já passou a funcionar em Feira e Juazeiro — em breve, Itabuna. Desde 2008, existe um projeto de espaço terapêutico para que policiais passem por sessões de ioga, acupuntura e tai-chi-chuan, mas até o momento não foram disponibilizados recursos para a compra de equipamentos. 

Fonte: Correio da Bahia.

 

domingo, 28 de julho de 2013

PRINCIPIOS DA ABORDAGEM POLICIAL

Boa parte das decisões do policial é tomada em frações de segundo (quase que instintivamente durante a ocorrência). Para que isto seja evitado, é necessário o domínio completo das técnicas de abordagem, assim como o conhecimento exaustivo de seus princípios. Momento mais crítico do serviço policial a abordagem tem alguns princípios que seguidos diminuem consideravelmente os riscos para o policial. Sempre ensinados em cursos de formação nunca é demais relembra-los:


1. O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA

Como policial nossa função é levar segurança para a sociedade, mas é impossível prover segurança sem ter segurança, o que nos leva à realidade de que a segurança do policial está em primeiro lugar. Ao agir o combatente tem que planejar mentalmente o que vai fazer para que durante a abordagem a segurança do policial e de seu companheiro (devemos evitar abordar sozinhos) seja preservada.
  • Ao abordar já estarmos com o armamento nas mãos (não se aborda com arma em coldre)
  •   Devemos olhar sempre as mãos do abordado (o perigo sempre vem das mãos)
  •   Durante a abordagem nunca cruzar a linha de tiro do companheiro
  •   Sempre ficar atento à cena da abordagem pois marginais não trabalham sozinhos sempre tendo um comparsa à espreita ou até mesmo sendo abordado
 2. O PRINCÍPIO DA RAPIDEZ

Quanto mais rápida a ação dos policiais na abordagem menos tempo o abordado tem para pensar sobre uma possível reação ou fuga, mas é claro que rapidez na abordagem tem que vir acompanhada com cautela. Não adianta fazer rápido mas mal feito.

 3. O PRINCÍPIO DA SURPRESA

A surpresa é um principio que visa a chegada da guarnição ou do policial de maneira inesperada no momento da abordagem. De certa forma este principio se liga ao principio anterior. A ação surpresa causa no suspeito espanto e consequentemente congela sua reação.  Deve-se sempre que possível surpreender o suspeito abordado, mas sempre conservando-se os cuidados inerentes a uma boa abordagem, reduzindo-se assim os riscos de uma reação por parte do abordado.

4. UNIDADE DE COMANDO

Durante uma abordagem não pode haver confusão durante os procedimentos, e o abordado não pode agir da forma que lhe convier, tudo que o abordado fizer durante uma abordagem é a comando, mas para que as determinações sejam cumpridas elas têm que ser emanadas de um só policial. Nada demonstra mais despreparo da guarnição do que vários policiais dando ordens ( principalmente quando são contraditórias: um policial falando para colocar as mãos na cabeça e outro para colocar as mãos no carro). Até mesmo uma possível reação é abandonada quando o abordado percebe a organização dos policiais na abordagem.

5. AÇÃO VIGOROSA

Ao deparar-se com uma ocorrência policial ou com a necessidade de uma abordagem de rotina, o policial deve ser firme, enérgico e preciso. Desta maneira, reduzirá a probabilidade de algum tipo de resistência, passiva ou ativa, por parte do abordado. A voz do policial (verbalização) deve ser imponente. Entretanto, é necessário não confundirmos “ação vigorosa” com “truculência”, “arbitrariedade” ou “violência”.
O objetivo da ação vigorosa não é impor medo nem constranger o cidadão, mas fazer com que ele entenda e obedeça as determinações do agente de segurança.


Ao entrar no serviço o policial militar tem que estar focado no seu serviço, não pode trabalhar disperso ou pensando em contas ou problemas em casa. Além da sua vida o combatente é responsável pela vida do seu companheiro de guarnição. Poucos minutos em um dia de serviço destinado a um treinamento de abordagem podem salvar sua vida. Treine independente dos outros, isso não é vibração e sim preservação da vida, da sua vida.

Não se esqueça, se for para fazer mal feito, com preguiça e má vontade não faça, deixe que outro policial ou guarnição faça, pois  fazendo mal feito não só sua vida estará em risco.

 Veja Também:

Manual Básico de Abordagem Policial olicial

Abordagem Policial e Busca Pessoal – Questões legais e operacionais

ABORDAGEM DE VEÍCULOS

Abordagem falha

 Fonte: Caserna Papa Mike.



 


domingo, 14 de julho de 2013

Índices mostram que, na média, tropa da PM já beira a obesidade

Quem presta atenção nas ruas logo nota que os policiais militares baianos levam na cintura mais do que armas e munição. O CORREIO teve acesso a dados que provam: a tropa está quase obesa.

O pique não atingiu 100 metros. Com seus 115 quilos, boa parte concentrados na região abdominal, o soldado Rocha* abortou a perseguição no bairro de Itapuã, onde viu o ladrão roubar uma mochila e desaparecer na esquina. Arfando, com a silhueta um tanto quanto avantajada, levou as mãos aos joelhos. “O pessoal que passava ainda riu da minha cara. Inclusive a vítima. Eu tava botando os bofes para fora”, conta.

Testemunhar um policial gordinho perder uma corrida para o ladrão pode até parecer engraçado, mas, no caso da Polícia Militar da Bahia, a situação resume um problema.

Levantamento ao qual o CORREIO teve acesso mostra que o Índice de Massa Corporal (IMC) da PM é, em média, de 29,5 kg/m². A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que, entre 25 e 29,9, o indivíduo tem sobrepeso. A partir de 29,9 já é tratado como obeso de nível 1.

Ou seja, a tropa da PM baiana beira a obesidade. O índice foi confirmado pelo Departamento de Saúde (DS) da corporação, que obteve a média do IMC a partir da avaliação física de 6,2 mil policiais nos últimos cinco anos.



As avaliações foram feitas em quatro circunstâncias diferentes: na fase de admissão, nas mudanças de patentes (promoções), em cursos internos e externos e durante atendimentos médicos.

“A partir desses dados, concluímos que nossa tropa está acima do peso. Readequar esse IMC é prioridade”, afirmou o coordenador do DS, coronel Nelson Ribeiro.

O número de referência é o único que a PM tem. Até porque, avaliações como o Teste de Aptidão Física (TAF), são realizadas apenas quando se entra na PM ou quando se é promovido. Além disso, sequer exames periódicos são realizados.

“Desde que entrei na PM só fiz um exame de sangue, na admissão. A polícia não acompanha a saúde dos seus homens”, afirma o soldado Rocha, símbolo de que se pode chamar de “medida certa” às avessas. Ele explica que, quando entrou na corporação, pesava 80 quilos. Agora, com 115 e 1,78m de altura, vê o que acontece com os colegas. “Com a exceção dos novatos, a tropa é quase toda acima do peso. Sem atividade física e alimentação ruim, não tem como ser diferente”.

Sem percentuais que apontem a quantidade de policiais acima do peso, a PM só conta mesmo com o IMC médio da tropa. Mas a maior prova de que esse número é grande está nas ruas, onde há PMs exibindo cinturas protuberantes e fardas apertadas.

O problema é que poucos, como Rocha, querem falar no assunto. Menos ainda aceitam ser fotografados, como ele fez. Os que aceitam reclamam da falta de tempo e estrutura para fazer atividades físicas, além da dificuldade financeira para investir em alimentação.

O soldado Freitas*, da 12ª CIPM (Rio Vermelho), chegou a pesar 145 quilos e teve de fazer cirurgia de redução de estômago. Perdeu 40 kg e ainda luta contra a balança.

Obeso
“Eu já tinha um sobrepeso, mas na PM fiquei obeso. Você só faz tirar serviço e quando vê não suporta nem o próprio peso. O negócio deles é botar o policial na rua, não importa em que condição”, critica Freitas.

Já Oliveira*, que diante do seu excesso de massa imprime esforço maior que o normal para fazer rondas a pé pelo Centro, tem vergonha de revelar em que companhia é lotado. O segundo emprego o impede de malhar. “Temos que completar o orçamento fazendo um bico. Fica difícil fazer uma academia”.
       
Entre os oficiais, a realidade não é muito diferente. Um deles culpa o excesso de trabalho. “Pergunte à tropa se ela prefere fazer uma atividade física após o serviço ou ir descansar em casa”, observou capitão Matos*, do 18º Batalhão (Centro Histórico).  

Os PMs acima do peso relatam dificuldade não só para correr atrás de bandido, mas também para entrar e sair das viaturas, carregar armamento pesado e atirar com precisão.

Até as mulheres dizem que não têm como se cuidar. “As companhias deveriam ter aparelhos de musculação com acompanhamento de preparador físico”, disse a soldado Rita*, sem conseguir esconder os pneus debaixo da farda.

O sobrepeso, como se sabe, impacta na saúde. Hipertensão, diabetes, colesterol alto e doenças do coração são comuns na PM. Rocha acumula todos. Há dois anos, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Estou com 115 quilos, mas já cheguei a 125”.

Prevenção
O coordenador da Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra), Marco Prisco, diz que um dos pedidos da entidade é a realização de exames periódicos.

“Pelo menos duas ou três vezes por ano. Eles não têm o levantamento de AVCs e infartos, mas o índice é altíssimo”, diz Prisco, que aponta também problemas ortopédicos. “A tropa está doente. Só este ano soubemos de seis policiais que morreram de câncer”.

Outra prova de que a tropa está engordando está nas lojas que vendem uniformes da polícia. A Estrela Uniformes, na Ladeira da Praça, tem tido dificuldade no estoque porque trabalha apenas com a numeração das fardas entre 42 e 48.

“Mas, de uns tempos para cá, muitas têm que ser feitas por encomenda. Normalmente são para veteranos. Eles se cuidam menos”, decreta a dona do estabelecimento, Eliana Santana.

*nomes fictícios
Saúde da polícia foi deixada de lado, afirma oficial reformado
Para o major reformado e professor do mestrado de Segurança Pública da Universidade Federal da Bahia (Ufba), João Apolinário da Silva, o desleixo com o preparo físico e com a saúde dos policiais na Bahia começa a ser notado a partir do início da década de 1990, quando houve uma mudança estrutural na PM. Ele acredita que a criação das chamadas Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPMs) afastou o policial de diversas atividades que lhe proporcionavam mais qualidade de vida.

Os antigos batalhões eram mais centralizados, diz o especialista, com academias e quadras poliesportivas. “Havia torneios de futebol e olimpíadas esportivas. Todos os batalhões tinham academias. Hoje o policial chega na companhia e vai direto para a rua. Antes eles tomavam café e almoçavam juntos. Era como uma família”.

O próprio Hospital da Polícia Militar, que funcionou muito tempo nos Dendezeiros, está fechado há dois anos. As mudanças ocorreram, explica o oficial reformado, de cima para baixo. Segundo o professor, com o passar dos anos, a saúde foi esquecida pelo Comando. “Antes, a polícia tinha três quadros: o operacional, o administrativo e o médico. Só para se ter uma ideia, cada batalhão tinha a sua ambulância. Depois, o operacional teve uma supremacia sobre os outros dois. A questão médica foi completamente colocada de lado”.

O professor observa que, na Bahia, praticamente não há estudos científicos sobre a saúde dos policiais. Ele defende que seja criado um planejamento estratégico para saber qual é o tamanho desse problema. “É preciso que se faça um diagnóstico da vida dos policiais para a elaboração de um programa de condicionamento físico”. A própria geografia da cidade, diz ele, pede isso. “Imagine uma pessoa obesa, com armamento sensível, subindo o Alto das Pombas. É por isso que as tragédias ocorrem”, acredita.

Rango de graça em restaurantes favorece pecado da gula
Há algumas explicações para que o Índice de Massa Corporal (IMC) da PM esteja bem distante do atingido pelo atlético lutador Anderson Silva e bem perto do alcançado pelo pesado atacante Walter, do Goiás. Uma dessas explicações está nos próprios policiais. Não foram poucos os que, sem se identificar, apontaram o pecado da gula como uma das causas do problema. Ou seja, a culpa da silhueta avantajada não é só de quem comanda a tropa.

Até porque, como é comum nas ruas de Salvador, PMs têm acesso livre em restaurantes e lanchonetes. E sem pagar nada. “Tem isso também. Muitos de nós têm o privilégio de se alimentar de graça. Uns acabam comendo demais. E várias vezes por dia”, reconheceu um sargento da 12ª CIPM (Rio Vermelho).

O CORREIO chegou a interpelar um PM que, após sair de uma lanchonete na Praça da Sé, no Centro Histórico, se recusou a falar de suas operações gastronômicas. “Não tenho como conversar com você em serviço”, esquivou-se. Conversar não pode, mas, pelo visto, comer é de lei. O dono da lanchonete disse que tudo não passa de um agrado. “Estou aqui há muito tempo e sempre foi assim”, disse.

Mas, segundo contam donos de estabelecimentos e os próprios policiais, a prática é quase uma moeda de troca não declarada. “É aquela coisa. Ele faz a segurança da área e eu ajudo na alimentação”, disse o dono de um bar, na Barra.

Ali, todos os dias, sempre às 20h, uma viatura passa pela porta do estabelecimento. Um policial desce e pega a encomenda com petiscos diversos e refrigerantes. Para a maioria dos PMs e dos donos de restaurante, tudo é muito natural. Mas a dona de um restaurante no Rio Vermelho argumenta que a relação é, por vezes, tensa.

“Tem policial que fica viciado, sabe? A partir do momento que ele vê aquilo como uma moeda de troca fica complicado. Tem gente que dá por medo de ser assaltado”, destacou. Procurada pelo CORREIO, a assessoria de comunicação da Polícia Militar não respondeu, até o fechamento desta edição, sobre a prática relatada por donos de restaurantes.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Tabela de Reajuste do Funcionalismo Público da Bahia a partir de julho de 2013.

O Governo da Bahia conseguiu mais uma vez arrochar os salários dos funcionários públicos estaduais. Conforme nota publicada, o reajuste foi de 2% retroativo a janeiro e de 3,75% não retroativo, a partir de 1º de julho deste ano. O aumento de 2% juntamente com o retroativo devem ser pagos já este mês, contudo, não se sabe de fato os valores. Já o restante vai ser pago a partir de 1º de Julho 2013. Sendo que, esses 3,75% não são retroativos a janeiro. Esse percentual de reajuste vai somar com os 2% já implantados, somando assim um total de 5,75% de reajuste. 

A tabela mostra os valores finais, já com os 5,75% de reajuste. (que será pago em Julho)
Reajuste de 2% retroativo a 1º de Janeiro de 2013 sobre o vencimento básico (soldo) e gratificações.
Reajuste de 3,765% sobre vencimento básico (soldo) e gratificações, NÃO RETROATIVO A JANEIRO DE 2013 (Isso contraria a data base de 1º de Janeiro).
Vejam os valores a partir de 1º Julho de 2013 nas tabelas do Projeto de Lei nº 20.271 / 2013 que segue abaixo:
Clique no link:
  TABELA DE VENCIMENTOS

Fonte: Deputado Capitão Tadeu.


terça-feira, 30 de abril de 2013

Reajuste linear de servidores será de 2,5%

Se passar pelo Parlamento sem problemas, o acréscimo, que representa menos da metade da inflação de 2012 (5.84%)


 O governador Jaques Wagner encaminhou nesta segunda-feira, 29, para a Assembleia Legislativa, o projeto de lei que estabelece o reajuste linear dos servidores públicos estaduais em 2,5%, retroativo a janeiro deste ano. A proposta atinge todos os servidores ativos e inativos do Estado.

Esta é a primeira vez no governo Wagner que o reajuste linear será abaixo da inflação, que no ano passado ficou em 5,8%, de acordo com índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na próxima semana, o governo deve enviar outro projeto de lei que vai equiparar o piso salarial do Estado ao salário mínimo. Com isso, será solucionada a situação dos servidores que estão com salários abaixo do mínimo desde janeiro.

Líder da maioria na Assembleia, o deputado estadual José Neto (PT) afirmou que o índice abaixo da inflação é resultado da difícil conjuntura econômica, que estaria atingindo todos os estados e municípios. "Pela nossa vontade, daríamos a inflação. Mas temos a responsabilidade de manter as contas do Estado equilibradas".

Ele ainda destaca que, para além do reajuste linear, o governo tem atuado nas negociações setoriais, resultando em ganhos acima da inflação até 2014 para categorias como professores (54,6% de ganho real), policiais (cerca de 80% de ganho real para soldados) e médicos (reajustes de até 250%).
Críticas - Os argumentos do governo, contudo, não convencem o vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Carlos Gaban (DEM).

Segundo ele, a arrecadação do governo do Estado com o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) cresceu 10% no primeiro quadrimestre deste ano, mesmo percentual de crescimento dos repasses do Fundo de Participação dos Estados em janeiro e fevereiro. "A matemática não bate. Não entendo por que o governo resolveu dar um reajuste tão baixo com a perspectiva de um ano melhor", afirma.

A diretora da Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia (Fetrab), Marinalva Nunes, não escondeu a insatisfação com o reajuste. "O governador retroage. Na medida em que manda mensagem com uma reposição abaixo da inflação, ele acumula perdas salariais. Essa proposta desanda tudo", diz a sindicalista.

Ela promete estar na manhã desta terça-feira, 30, na Assembleia Legislativa da Bahia, com parte da categoria, no "encalço" do líder governista, deputado José Neto (PT) para pedir esclarecimentos.
Segundo ela, o argumento de falta de dinheiro "não convence", já que  "o governo se gaba de superar suas metas de arrecadação em ICMS". Ainda segundo a sindicalista, o governo estadual corta do reajuste do funcionalismo para compensar perdas  oriundas da queda do FPE e segurar dinheiro para investir no segundo semestre.

Tramitação - O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), se reúne com lideranças de governo e oposição ainda nesta terça para definir a tramitação do projeto.

Caso seja acordado a votação em urgência urgentíssima, a tramitação do projeto de lei é muito mais rápida do que se corresse de forma convencional pois há a prerrogativa da chamada dispensa de formalidades. Ou seja, o projeto passa pelas comissões técnicas no próprio plenário da Casa.

Com isso, o projeto pode ser votado até a semana que vem. "Vamos nos reunir e decidir como vai acontecer a tramitação. O mais importante é garantir o reajuste ao servidor", diz Nilo.

Fonte: Jornal A Tarde.

O Funcionalismo Público Estadual da Bahia está na pior com este governo, que não tem compromisso nenhum com a categoria. O PT que antes lutava por melhorias na classe trabalhista, onde, fizeram vários movimentos grevistas, hoje, deixa a desejar aos trabalhadores públicos. Neste governo nunca houve aumento significativo para os funcionários públicos estaduais e sim, reajustes de salários mínimos, que, diga-se de passagem, este ano será bem abaixo do indice da inflação, que foi de 5,84%.

Como um estado que pretende realizar uma Copa do Mundo, não valorizar os seus funcionários, deixando todos desvalorizados, sem estímulo algum para exercerem as suas funções com prazer e dignidade.

Viva o PT, Viva a Bahia, Terra de Todos os Nós, Viva o Brasil, terra do Futebol, Carnaval e Pizzass...

sábado, 20 de abril de 2013

Uma Mãe Chamada ECA; Estatuto da Criança e do Adolescente.

Victor Hugo Deppman tinha 19 anos. Cursava Rádio e TV na Faculdade Cásper Líbero e fazia estágio da Rede TV. Na terça-feira à noite, foi assaltado na porta do seu prédio, no bairro de Belém, Zona Leste de São Paulo. Um dos bandidos lhe tomou o celular. Victor, com as mãos para o alto, não esboçou nenhuma reação. Mesmo assim, o covarde disparou um tiro contra a sua cabeça.

Victor está morto.
Victor tinha apenas 19 anos.
Victor era estudante de Rádio e TV.
Victor trabalhava.
Victor era filho.
Victor era namorado.
Victor agora só vive na memória dos que o amavam.
Victor já foi sepultado.
Victor não terá mais história porque alguém lhe deu um tiro na cabeça.

Tudo foi filmado pela câmera de segurança do prédio. A cena provoca revolta, asco. Às 11h desta quarta, a polícia identificou o assassino e foi à favela Nelson Cruz para prendê-lo. Conseguiu escapar, mas depois ligou para a mãe e se entregou. Apresentou-se à unidade da Fundação Casa do Brás. Tem 17 anos. Está, portanto, abrigado e protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o tal ECA, que se transformou num verdadeiro valhacouto de assassinos. Mas Maria do Rosário, aquela ministra justa dos Direitos Humanos, não quer nem ouvir falar em mudá-lo. Os humanistas dos “assassinistas”, no geral, ficam arrepiados de indignação só em ouvir falar em baixar a maioridade penal para 16 anos. O rapaz, agora assassino, já havia sido preso por roubo, mas libertado em seguida.

O que vai acontecer, agora, com o homicida de 17 anos? O ECA responde em seu Artigo 121. Leiam (em vermelho):

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e  respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

Voltei

Para quem não entendeu direito: a pena possível para o monstro é de, NO MÁXIMO, três anos, entenderam? Mas não há um mínimo. Isso vai sendo reavaliado. Se o anjinho souber se comportar e se passar a ser um rapaz exemplar enquanto estiver internado na “unidade educacional”, pode ser solto antes. Se encontrar pela frente aquele padre esquisito, pode até ganhar uma Pajero de presente! A vida de Victor Hugo Deppman vale, NO MÁXIMO, uma reclusão de três anos.

Tem de mudar

É evidente que esse absurdo tem de acabar. O Brasil integra um grupo reduzido de países em que a maioridade penal se dá apenas aos 18 anos. O facínora que matou Deppman apontou contra a sua cabeça, conforme observei aqui num post de 14 de junho de 2012, mais do que um revólver. Ele estava armado também com o Artigo 121 do ECA e com os artigos 27 do Código Penal e 228 da Constituição, que garantem a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos.

HÁ UM VERDADEIRO APARATO LEGAL QUE APONTA, ENTÃO, UMA ARMA CONTRA A NOSSA CABEÇA E GARANTE A IMPUNIDADE AO BANDIDO.

Deppman morreu. Seus amigos estão arrasados. Sua família passa por um sofrimento indizível, e nem mesmo conheceremos o nome do seu assassino. O ECA não deixa. Determina o seu Artigo 247: Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
O estatuto era tão dedicado à defesa do adolescente ao qual se “atribui um ato infracional” que o parágrafo 2º do Artigo 247 trazia isto: “Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números.” Uma Ação Direita de Inconstitucionalidade acabou suprimindo essa aberração. Como se nota, até a livre circulação de ideias podia ser suprimida para proteger esta expressão da doçura adolescente que  é o rapaz que matou Deppman.

Vigarice intelectual e moral

A vigarice intelectual e moral no Brasil decidiu fazer um pacto com o crime ao estabelecer a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos. É como declarar um “pratique-se o crime” para os bandidos abaixo dessa idade. O canalha que matou Deppman pode votar. Pode eleger presidente da República. E também pode apontar uma arma para a nossa cabeça na certeza de que nada vai lhe acontecer. Caso mate e seja preso, logo estará de volta às ruas. “Ah, como Reinaldo é reacionário! Só mesmo os reaças defendem essa tese”! Então vamos rever o limite da inimputabilidade em alguns dos países mais “reacionários” do planeta:

Sem idade mínima

— Luxemburgo
7 anos
— Austrália
— Irlanda
10 anos
— Nova Zelândia
— Grã-Bretanha
12 anos
— Canadá
— Espanha
— Israel
— Holanda
14 anos
— Alemanha
— Japão
15 anos
— Finlândia
— Suécia
— Dinamarca
16 anos
— Bélgica
— Chile
— Portugal

Até na querida (deles!!!) Cuba, a maioridade penal se dá aos 16 anos. Os países civilizados tendem a achar que o que determina a punição é a gravidade do crime e a consciência que o criminoso tem do ato praticado. É o que também acho. A Inglaterra julgou e condenou Jon Venables e Robert Thompson, os dois monstros então com 11 anos que, em 1993, sequestraram num shopping o bebê James Bulger, de 2. A vítima foi amarrada à linha do trem, depois de espancada e atingida por tijoladas. Os dois confessaram que queriam saber como era ver o corpo explodir quando o trem passasse por cima. Viram. A Inglaterra pode julgar assassinos a partir dos 10 anos. Se condenados, dada a idade, a pena fica a cargo da Justiça. É um bom modelo. A dupla pegou 15 anos. Depois de idas e vindas, acabaram soltos em 2001, após a intervenção da Corte Europeia de Direitos Humanos. Por alguma razão, os que acabam se especializando nos tais “direitos humanos” parecem fatalmente atraídos pelos direitos de desumanos ou, sei lá, de inumanos. 

Os dois ganharam nova identidade, mas foram condenados a prestar contas à Justiça sobre os seus passos… pelo resto de suas miseráveis vidas!!! Em 2010, aos 28 anos, Venables voltou a ser preso por ter violado os termos do acordo.

As fotos dos monstrengos e de sua vítima correram o mundo. No Brasil, bandido é bibelô. No fim das contas, há mais organizações empenhadas em garantir os direitos de quem viola a lei do que daqueles que têm seus direitos violados. Quantas vezes vocês viram ONGs especializadas em direitos humanos falar em nome das garantias de que dispõem os homens comuns? Sim, claro, claro! Eu sou um grande reacionário por escrever essas coisas, e reacionário deve ser o sistema penal de países “fascistas” como a Finlândia, a Suécia e a Dinamarca. Por lá, a inimputabilidade acaba aos 15 anos. Por lá, o assassino de Deppman ficaria um bom tempo sem ameaçar ou matar homens de bem.

PS — Outro dia, um desses vagabundos da subimprensa que se querem passar por progressistas ironizou o fato de eu empregar a velha expressão “homens de bem”. Emprego, sim, ora essa! E acho que o contrário dos “homens de bem” são os “homens do mal”.

PS2 – Em países em que menores de 18 anos são responsabilizados criminalmente, há instituições especiais que os abrigam; não ficam — nem devem ficar — em prisões para adultos. Uma coisa é certa: eles só não podem ficar nas ruas.

Por Reinaldo Azevedo, jornalista da Revista Veja.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Polícia Civil da Bahia receberá aumento salarial por titulação.


Titulação Polícia Civil da Bahia

Muitos policiais reclamam de certa inversão de valores existente nas corporações policiais brasileiras, onde são pouco reconhecidos em virtude da formação que possuem para além da proporcionada pela instituição. Existem muitos policiais especialistas, mestres e doutores em áreas diversas, com talento desenvolvido em áreas acadêmicas específicas, muitas delas úteis para as organizações policiais.
Neste sentido, a Polícia Civil da Bahia acabou de amenizar este incômodo, gratificando financeiramente aqueles policiais que possuem formação acadêmica própria. O decreto garantindo esta vantagem foi publicado no Diário Oficial da última semana, e estabeleceu os seguintes valores de gratificação:
Art.11 - A Gratificação de Incentivo à Titulação incidirá sobre o vencimento atribuído ao cargo efetivo ocupado pelo beneficiário, no equivalente a:
I - 10% (dez por cento) aos portadores de certificado de Especialização;
II - 15% (quinze por cento) aos portadores de certificado de Mestrado;
III - 20% (vinte por cento) aos portadores de certificado de Doutorado.
Parágrafo único - Não será permitida a percepção cumulativa dos percentuais previstos neste artigo.
Além de ser reconhecido pelo MEC, o curso realizado pelo policial precisa ter “correlação entre o curso e as atribuições exercidas pelo servidor” – algo que desde já gera dúvidas em relação aos critérios desta “correlação”.

A medida é positiva, e deve ser copiada por outras organizações policiais brasileiras, principalmente a Polícia Militar da Bahia, que possui boa parte do efetivo com formação acadêmica superior.

Clique aqui e baixe a lei da Gratificação de Incentivo à Titulação!

Autor: - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com

Fonte: Abordagem Policial. 

quarta-feira, 27 de março de 2013

TJ rejeita recurso do Estado e determina que Estado da Bahia reimplante a gratificação de habilitação PM

STJ3STJ rejeita recurso do Estado da Bahia e determina que policiais militares, associados do CENAJUR, tenham reimplantados nos seus salários a gratificação de habilitação PM.

O relator, ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, afirmou em sua decisão que “A GPMH é uma vantagem pessoal em nada se confundindo com a gratificação instituída pela lei 7.145/97 que tem a finalidade de compensar o exercício da atividade militar e os riscos a ela inerentes. não pode assim ser considerada a alegação de cumulação de vantagens. Comprovado o direito à percepção da referida gratificação em face e ter o servidor preenchido todos os requisitos exigidos, esta incorpora aos seus vencimentos, gerando direito adquirido.”
A decisão que beneficiou os associados foi publicada em 28.02.2013, e o julgamento no STJ ocorreu em reduzido espaço de tempo, pois o processo foi autuado no Tribunal em janeiro de 2013. Veja-se abaixo parte da decisão:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 290.098-BA
RELATOR: MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES
AGRAVANTE: ESTADO DA BAHIA
AGRAVADO: XXXXXX E OUTROS
ADVOGADOS: FABIANO SAMARTIN FERNANDES e FERNANDA PASCHOAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RAZÕES DE AGRAVO QUE NÃO TRATAM DOS ARGUMENTOS DA DECISÃO QUE NEGA SEGUIMENTO A RECURSO ESPECIAL. SÚMULA N. 182 DESTA CORTE SUPERIOR. AGRAVO NÃO CONHECIDO. DECISÃO Trata-se de agravo manejado pelo Estado da Bahia, em face de decisão que negou seguimento a recurso especial, este interposto com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea “a” da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do referido Estado, nesses termos ementado: APELAÇÃO CÍVEL. REMESSA NECESSÁRIA. ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. AÇÃO ORDINÁRIA. REEXAME NECESSÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE HABILITAÇÃO POLICIAL MILITAR. REINCORPORAÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CUMULAÇÃO DE VANTAGENS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO A QUO. DATA EM QUE DEIXOU DE PERCEBER A VANTAGEM. APELO IMPROVIDO. SENTENÇA INTEGRADA. A GPMH é uma vantagem pessoal em nada se confundindo com a gratificação instituída pela lei 7.145/97 que tem a finalidade de compensar o exercício da atividade militar e os riscos a ela inerentes. não pode assim ser considerada a alegação de cumulação de vantagens. Comprovado o direito à percepção da referida gratificação em face e ter o servidor preenchido todos os requisitos exigidos, esta incorpora aos seus vencimentos, gerando direito adquirido. (…) Ante o exposto, NÃO CONHEÇO do AGRAVO. Publique-se. Intimem-se. Brasília-DF, 22 de fevereiro de 2013. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Relator


Fonte: CENAJUR 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Concurso Soldado PMBA 2012 – o Teste de Aptidão Física




Teste de Aptidão Física CFSd PMBA 2012
Muitos candidatos classificados no concurso para o Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar da Bahia 2012 (CFSd PMBA 2012) estão com dúvida em relação a uma das etapas que costuma eliminar alguns candidatos: o Teste de Aptidão Física (TAF). Saber as exigências e as peculiaridades do teste é essencial para se preparar.

Abaixo, os testes e suas descrições, conforme a Portaria nº 050/2008/Comando Geral:

Barra Fixa

Masculino: Dinâmico de Barra Fixa – Índice: 3 ( três ) repetições;
Feminino: Estático de Barra Fixa – Índice: 10 (dez) segundos.


Objetivo: Medir indiretamente a força muscular de membros superiores e cintura escapular.

Posição Inicial Masculina: O candidato deverá segurar a barra com ambas as mãos, estando os cotovelos, quadris e joelhos em extensão, sem contato dos pés com o solo. A posição da pegada é pronada e correspondente à distância bi-acromial.

Posição Inicial Feminina: A candidata deverá segurar a barra com ambas as mãos, estando os cotovelos flexionados, quadris e joelhos em extensão, sem contato dos pés com o solo. A posição da pegada é pronada e correspondente à distância bi-acromial.

Procedimento Masculino: O candidato deverá elevar o seu corpo, através da flexão dos cotovelos, até que o queixo passe acima do nível da barra, retornando à posição inicial. Será computado o número de movimentos completados corretamente. Não haverá limite de tempo, devendo a execução ser contínua. O corpo deverá permanecer ereto durante a execução do teste. Será observado se os cotovelos estão em extensão total antes do início de cada movimento de flexão e se o queixo ultrapassa a barra antes do início do movimento de extensão. Não será permitido qualquer movimento de quadril ou de membros inferiores como auxílio, bem como tentativas de extensão da coluna cervical.

Procedimento Feminino: A candidata deverá sustentar o peso do próprio corpo, mantendo o queixo acima do nível da barra. O tempo será registrado em segundo. Os quadris e joelhos deverão permanecer estendidos durante o teste. O teste findará no momento em que o queixo tocar a barra ou deixar de ser mantido acima do seu nível. Não será permitido qualquer movimento de quadril ou de membros inferiores como auxílio, bem como tentativas de extensão da coluna cervical.

Corrida de Velocidade

Índice Masculino: 08 (oito) segundos;
Índice Feminino: 09:20 (nove) segundos e (vinte) centésimos.


Objetivo: Medir diretamente a velocidade e indiretamente a potência anaeróbica alática, através do desempenho de correr 50 (cinqüenta) metros no menor tempo possível.

Posição Inicial: Posicionamento livre, anterior à linha de partida. Sugere-se o afastamento antero-posterior das pernas e leve inclinação do tronco à frente.

Procedimento: Precedido da palavra “Atenção”, o sinal sonoro de início do teste será dado através de um silvo de apito. Neste momento, o candidato deverá deslocar-se correndo no percurso indicado, na maior velocidade possível. O resultado será o tempo, em segundo e centésimo de segundo, decorrido do sinal sonoro de início do teste até o momento em que o tronco do candidato cruzar a linha demarcatória de chegada, completando a distância de 50 (cinqüenta) metros.

Corrida em 2.400 metros

Índice Masculino: 13:00 (treze) minutos;
Índice Feminino: 15:00 (quinze) minutos.


Objetivo: Medir indiretamente a potência aeróbica através do desempenho em correr 2.400 (dois mil e quatrocentos) metros no menor tempo possível.

Posição Inicial: Posicionamento livre, anterior à linha de partida.

Procedimento: Precedido da palavra “Atenção”, o sinal sonoro de início do teste será dado através de um silvo de apito. Neste momento, o candidato deverá deslocar-se correndo no percurso indicado. O resultado será o tempo, em minuto e segundo, decorrido do sinal sonoro de início do teste até o momento em que o candidato completar a distância de 2.400 (dois mil e quatrocentos) metros. O candidato que parar de correr durante o teste, afastar-se do percurso estabelecido ou deslocar-se no sentido contrário ao indicado será considerado INAPTO. O candidato será identificado por um número que deverá dizer em voz alta para o seu avaliador cada vez que completar uma volta na pista.

Natação em 25 metros (apenas candidato ao cargo de Soldado BM)

Índice Masculino: 25 (vinte e cinco) segundos;
Índice Feminino: 30 (trinta) segundos.

Objetivo: Medir a habilidade específica (natação), diretamente a velocidade e indiretamente a potência anaeróbica lática, através do desempenho de deslocar-se no meio líquido por 25 (vinte e cinco) metros no menor tempo possível.

Posição Inicial: No interior da piscina, apoiado em uma das bordas no sentido do comprimento.

Procedimento: Precedido da palavra “Atenção”, o sinal sonoro de início do teste será dado através de um silvo de apito. Neste momento, o candidato deverá deslocar-se no meio líquido, na maior velocidade possível, no percurso indicado, por uma distância de 25 (vinte e cinco) metros, em qualquer estilo. O resultado é o tempo registrado em segundo. Após o início do teste, o candidato que se apoiar, com qualquer parte do corpo, nas bordas laterais, nas raias, ou ainda, tocar o pé no fundo da piscina, de forma que venha a favorecer a sua flutuação, será considerado como INAPTO.
***
E aí? Você está preparado para estas exigências? Se não, já devia ter começado a se preparar… Ainda dá tempo!
;)

 Fonte: Abordagem Policial.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

ESTRESSE POLICIAL MILITAR: EFEITOS PSICOSSOCIAIS

Sérgio Lopes Santana1 e Alini Daniéli Viana Sabino.

O Estresse na atividade operacional do Policial Militar.

O estresse está presente na vida do policial militar e pode influenciar de maneira decisiva no seu comportamento dentro e fora de sua atividade profissional (Silva, Vieira, 2008; Allegrette, 1996).
A polícia militar, pela natureza do trabalho, expõe o profissional a constantes desgastes físico, mental e emocional em sua prática profissional diária.

A atuação em ambiente desumano, complexo e hostil estão entre os fatores que contribuem para este fenômeno (Portella, Bugay, 2007; Dourado, 1993; Zuluar, 1997).

A convivência diária com a injustiça social, violência urbana e, sobretudo, com o risco de matar ou morrer no atendimento a ocorrências, influencia consideravelmente o comportamento, as decisões e a forma de ver, ouvir e entender as realidades da vida (Silva, Vieira, 2008). Entretanto, o policial não é o único que sofre as conseqüências do estresse provocado pelo seu trabalho (Finn, 1997). No ambiente familiar, o membro da corporação militar tende a desligar as emoções em relação a sua família e é levado a um processo de afastamento e procura de relações fora de casa. Na rua, alguns podem extravasar suas frustrações sobre os cidadãos tornando-se arbitrários, agressivos e grosseiros (Portela, Buagy, 2007; Romano, 1989).

Alguns estudos apontam o estresse e outros problemas emocionais ligado ao policial militar como sendo um dos responsáveis pelo alto índice de suicídio, divórcio e alcoolismo no meio Policial (Silva, Vieira, 2008; Portella,Bugay, 2007; Finn, 1997).

Selye (1996), afirma, com efeito, que o trabalho Policial é uma das ocupações mais estressantes quando comparado a outras atividades, sendo que os policiais apresentam diversas doenças relacionadas ao estresse da prática profissional.

Em pesquisa realizada foi verificado que, dentre 149 profissões estudadas apenas 10 excediam a Policial em doenças do coração, diabetes, insônia, suicídio e outras relacionadas com o estresse (Farias, 1998).

No trabalho diário, o policial encontra alta taxa de adrenalina estando sempre preparado para agir. À medida que aumenta o nível de tensão, aumenta também o nível de vigilância e de expectativa, passando a estar pronto para agir a qualquer instante de maneira enérgica. O profissional vive sob pressão constante e em conseqüência, sofre alteração no seu padrão normal de pensar e agir, além de apresentar dificuldades para estabelecer prioridades ocasionando sensações de hesitação, visão estreita, raciocínio confuso e ilógico que passam a fazer parte do seu dia a dia (Portela, Bugay, 2007; Farias, 1998, Besse, 1995).

Em matéria intitulada na revista “Isto É” (09-08-95), “Os campeões da neurose”, segundo a revista, estudos feitos pelo instituto de Ciências e Tecnologia da Universidade de Manchester na Inglaterra, apontam a profissão policial como a segunda mais estressante do mundo.

Efeitos psicossociais:

Resultado de ocorrências anteriores No trabalho policial, o atendimento das ocorrências se faz com equilíbrio, usando a força de forma moderada apenas para quebrar a resistência do
indivíduo infrator. No entanto, não devemos supor que o policial prossiga imune após o atendimento de uma ocorrência de alto risco, especialmente se houver morte ou ferimentos grave, uma vez que estas deixam seqüelas irreparáveis(Zalluar, 1999; Allegretti, 1996).

Spielberguer (1981) em estudo realizado para identificar as principais fontes de estresse no trabalho da policia, selecionou oitenta itens considerados estressores e que envolviam todas as fases do trabalho da polícia. A seleção desses itens foi realizada com a ajuda de um comitê consultivo do qual faziam parte experientes policiais e administradores de policia. Os itens foram testados através de uma pesquisa-piloto para cinqüenta policiais. Foram selecionados sessenta, por ordem de importância como marcadores de elemento estressor.

Entre os itens selecionados, os três considerados mais importantes e que receberam alta classificação de estresse pelos profissionais foram morte de colega no cumprimento do dever; matar alguém no cumprimento do dever e contato com a exposição de crianças espancadas ou mortas.

Do mesmo modo, Romano (1998) realizou um estudo com o objetivo de identificar as fontes de estresse no trabalho de soldados da Policia Militar do Estado de São Paulo. A pesquisa foi realizada com o objetivo de verificar o nível de tensão que os policiais atribuem às fontes de estresse ocupacional com as quais lidam, bem como elaborar uma proposta de programa de curso de controle de estresse específico para soldados daquela corporação. De acordo com os resultados do estudo, os eventos considerados mais estressantes foram ver colega morto no comprimento do dever; morte de parceiros; e receber salários insuficientes.

O evento “ver colega morto no cumprimento do dever” apareceu como o evento mais estressante nos estudos associados ao estresse emocional de policiais militares. Dessa forma, os resultados apontam para o fato de que a morte de outras pessoas e até aquela provocada pelo Policial no cumprimento do dever não apareceu como evento estressante na pesquisa brasileira. A explicação dada pela autora brasileira é que:

Talvez o fato dos soldados desta amostra terem no máximo, cinco anos de experiência profissional possa
tê-lo influenciado a fazer uma classificação “suposta” deste evento; isto é talvez na realidade não tenham tido contato com essa situação. Assim é possível que os soldados tenham respondido de acordo com o pressuposto adquirido no treinamento, de que o policial pode matar em legitima defesa no comprimento do dever, portanto fazendo parte de sua rotina de trabalho (Romano, 1989: 56 p. ).

Dessa maneira, o policial é constantemente exposto à agressão, violência e crueldade, devendo freqüentemente intervir em situações de problemas humanos de alta tensão que podem gerar sentimentos de raiva, ansiedade, alienação e depressão. “Proibidos são de Expressar estes sentimentos´´, os quais são respostas normais à frustração muitos policiais desenvolvem características de esquiva emocional, cinismo e autoritarismo “ (Silva, Vieira, 2008; Reiser, apud Romano, 1989:23)

Conclusão

O estresse está presente na vida do policial militar e pode influenciar de maneira decisiva no seu comportamento dentro e fora de sua atividade profissional.

A exposição e atuação em ambiente desumano, complexo e hostil, bem como o contato com constante desgaste físico, mental e emocional são fatores que contribuem para o desenvolvimento do estresse (Silva, Vieira, 2008; Delboni. 1997)

Entretanto, estudos indicam que os responsáveis pela saúde física e mental dos policiais já se mostram atentos para as mudanças ocorridas em decorrência do estresse profissional, embora algumas vezes os sintomas passem despercebidos até para os familiares e amigos (Silva, Vieira, 2008; Portela, Bugay,
2007; Romano, 1989).

Assim, algumas corporações preocupadas com a quantidade avassaladora dos problemas de ordem física e mental, e, sobretudo, procurando zelar pela imagem e a qualidade do serviço tem procurado criar programas de prevenção ao estresse. É um assunto polêmico e que ainda causa certa resistência dentro das corporações, uma vez que os chefes dos serviços e até mesmo o próprio policial não admitem a existência de problemas emocionais e não precisam de ajuda (Silva, Vieira, 2008; Portela, Bugay, 2007; Besse, 1995; Romano, 1989).

Algumas polícias nacionais já desenvolvem trabalhos voltados diretamente para prevenção e controle do estresse, como as polícias de São Paulo e Minas Gerais, dentre outras, que já estão preocupando-se em enfrentar o problema em questão. Os responsáveis deverão estar atentos, já que as mudanças que ocorrem provocadas pelo estresse no comportamento do homem são lentas e muitas vezes passam despercebidas, até para os familiares e amigos (Silva, Vieira, 2008; Farias, 1999)

Assim, combater o estresse e a ansiedade na atividade policial militar não é uma tarefa fácil. O sucesso deste trabalho demandará certo empenho, bem como do apoio e da ajuda de familiares, amigos e colegas de trabalho. Contudo, como afirmam alguns policiais militares “a coexistência foi imposta, mas a convivência deve ser trabalhada”.


Fonte: Aems.com.br.

Brasil diz não à ideia da ONU de pôr fim ao militarismo nas Policias Militares.

Recomendação foi única rejeitada e está entre 170 apresentadas; intenção é reduzir ‘execuções extrajudiciais pela polícia’

Sob o argumento de que fere a Constituição, o Brasil rejeitou ontem proposta apresentada na Organização das Nações Unidas (ONU) para acabar com a Polícia Militar. De uma lista de 170 sobre políticas de direitos humanos, a recomendação foi a única negada. Para o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares, houve um equívoco na interpretação do texto – uma compilação de sugestões de diferentes países, incorporadas pelas Nações Unidas.
 Segundo o documento entregue pelo Brasil, publicado ontem no site da ONU, Brasília rejeitou a ideia, da Dinamarca, para “trabalhar na direção de abolir o sistema separado de Polícia Militar”.

Durante a reunião de maio em Genebra, diversos países europeus criticaram abertamente a violência usada pela Polícia Militar e apontaram a preocupação em relação aos números de mortes em operações. A resposta foi clara. “A recomendação não tem o apoio do Brasil, diante da Constituição, que prevê a existência de forças policiais militares e civis”, indica o documento.

“Forças policiais civis são responsáveis pelo trabalho de polícia judiciária e pela investigação de ofensas criminais, salvo ofensas militares”, explicou. “Forças policiais militares são responsáveis pelo policiamento ostensivo e pela preservação da ordem pública”, completa.

O governo ainda indicou que estava adotando medidas para melhorar o controle sobre os policiais, como a criação de um ombudsman. Além disso, estariam treinando de forma permanente os policiais em termos de direitos humanos.

Nos últimos anos, diversos organismos da ONU criticaram as mortes ocorridas no Brasil por parte das forças de ordem e apontaram o fenômeno como uma das principais violações de Direitos Humanos no País.
Realizado a cada quatro anos, o evento em que o documento foi apresentado serve para sabatinar Estados sobre políticas de direitos humanos e governos de todo o mundo apresentam recomendações em relação a questões como saúde, educação e a situação de minorias.

Amanhã, após avaliação das sugestões, o governo brasileiro volta à tribuna do Conselho de Direitos Humanos para informar os membros quais medidas foram aceitas. Em quatro anos, a ideia é que as propostas aceitas pelo Brasil acabem sendo reavaliadas pelos demais governos, que cobraram a aplicação das recomendações.

Equívoco. Para o Conselho Nacional do Comando de Comandantes-Gerais das Polícias Militares, o documento da ONU não sugeriu o fim das Polícias Militares. Na visão dos conselheiros, houve equívocos na tradução que levaram os brasileiros a acreditar que era pedido o fim da PM. “O que a Dinamarca sugeriu foram medidas para acabar com a violência extralegal praticada por grupos de extermínio”, argumenta o coronel Atair Derner Filho, da PM de Santa Catarina e secretário-geral do Conselho.

O coronel afirma que a ONU, inclusive, usa o serviço de policiais militares brasileiros para treinar forças de segurança em países com instabilidade política, como Haiti e Timor Leste. “Como não houve recomendação para extinção da PM, no documento atual, ao qual tivemos acesso, de novo não localizamos esse debate”, disse o coronel.

Fonte: Stive.com.br

Aprovado Aposentadoria Especial aos 25 anos para as Policiais Militares de Goiás

O Plenário aprovou, em segundo turno, nesta quarta-feira, 4, a Proposta de Emenda Constitucional nº 5.323/11, que dá nova redação ao inciso I, do § 12, do art. 100 da Constituição Estadual. Trata-se da aposentadoria aos 25 anos de tempo de serviço para as policiais e bombeiros militares femininas. A PEC foi aprovada por unanimidade, com 27 votos favoráveis.
Momento histórico para os militares de Goiás! Aprovada em segunda votação a PEC 007/2012 que versa sobre a aposentadoria das policiais e bombeiras militares femininas aos 25 anos de serviço prestados. Em um processo cheio de momentos tensos, finalmente um desfecho feliz.

Agora as nossas mulheres militares podem comemorar o fim do tratamento preconceituoso e degradante. A nossa sensação é de alívio e acima de tudo, dignidade. Gostaríamos de agradecer aos parlamentares que se sacrificaram para comparecer na sessão de hoje para esta votação, em pleno recesso , em sessão extra não remunerada. Com um quórum apertado, de 27 deputados presentes, a emenda foi aprovada unanimemente.
A alteração tem por objetivo deixar expresso na Constituição o tempo de serviço necessário para a promoção a posto ou graduação imediatamente superior das militares estaduais goianas, quando da transferência delas para a reserva remunerada, garantindo-se a diferenciação entre elas e os homens, nos moldes da Constituição Federal.

Fonte: Blog Capitão Assunção.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Coragem Jornalista fala no ar toda a verdade sobre o carnaval


  
Jornalista Rachel Sheherazade 

Essa jornalista teve a coragem para falar a verdade sobre o carnaval brasileiro, principalmente, o carnaval baiano.

O carnaval começou na antiga Babilônia, onde, o rei oferecia as chaves da cidade ao Rei Mômo ( Rei temporário, nomeado por votação popular). Eram oferecidos cinco dias de reinado, esse rei mômo tinha plenos poderes para reinar nesses dias e era realizada uma festa popular para comemorar as colheitas e fartura. Contudo, as leis, a moral e a ética eram deixadas para trás, sendo que, neste cinco dias de folia era permitido de tudo na cidade. Havia muita orgia e libertinagem sexual neste dias, pois, era tudo permitido até o fim do momento monesco.

Foi desta forma que começou o carnaval, depois, foi se adapitando pela Europa até chegar ao Brasil. Ainda se comemora o carnaval pelo mundo, porém, o que mais se aproxima ao de Babilônia é o do Brasil, em que, a libertinagem sexual, a ganância pelo dimheiro, a violência e outros males se igualam aos rituais antigos praticados pelos babilônios. 

O carnaval da Bahia é enganoso e serve exclusivamente para agradar os turistas e os ricos da cidade de Salvador, onde, o objetivo maior é a arrecadação de capital. O carnaval baiano gera milhões, observa-se o grande número de blocos particulares, camarotes e patrocínio de TV e outros meios de comunicação. Serve para enriquecer cantores, bandas e empresários do carnaval.

Engana-se quem pensa que o carnaval é feito para o folião desprovido de grana, que fica esmagado entre as cordas e seguranças de blocos famosos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

PMs detonam condições de trabalho no carnaval.

Policiais Militares do Estado da Bahia estão indignados com as condições de trabalho no carnaval de Salvador. Será pago apenas R$ 13,25 por hora trabalhada para combater o tráfico de drogas, apreender armas, combater a exploração sexual infanto-juvenil, separar brigas e combater todo tipo de criminalidade para trabalhar ininterruptamente por 12 horas, durante quatro dias de carnaval. A denúncia é do vereador soldado Prisco que se indignou ao ouvir a reclamação de dezenas de militares à Associação dos Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra), esta semana.

Em conversa com a equipe do Bocão News, o soldado Prisco declarou que em 2012, os Policiais Militares recebiam R$ 18,00/hora e neste ano houve uma redução, o que causou uma revolta entre os militares. Ainda segundo o vereador, a Guarda Municipal que no ano passado recebia R$ 20,00/hora, teve um aumento e agora passará a receber R$ 21,00/hora.

O problema vai ainda mais além. Alunos da Academia da Polícia Militar do Estado da Bahia também vão estar nas ruas realizando o policiamento durante a maior festa a céu aberto do mundo. “Um absurdo esta situação. Como se não bastasse o policial mal remunerado também vão usar alunos para fazer o policiamento?”, questionou.

E a promessa é de que as condições sejam as mesmas da Lavagem do Bomfim (17.01), quando os militares saíram do município de Feira de Santana, a 101 Km de Salvador, muitos sem tomar café, trabalharam até a noite apenas com o oferecimento de um lanche pelo comando da PM. “E muitos jogaram fora o lanche por causa da má qualidade e tiveram que arcar com o custo da alimentação”, reclamou Prisco.

“O trabalho durante o carnaval é penoso. Os militares estão expostos a todo tipo de perigo. Apreensão de drogas, armas, separar briga. O carnaval é a maior festa aberta do mundo, com pessoas embriagadas, assaltos e furtos. Este valor não condiz com o trabalho a ser executado”, reclamou o vereador.

Segundo o vereador soldado Prisco, durante o carnaval os policiais estão expostos, além do risco, a grande pressão dos comandantes. "São 12 horas sem parar, sem dormir, sendo obrigados a dobrar a atenção. Ano passado, por exemplo, tivemos um caso de um folião embriagado que tentou desarmar um policial”, avisa.

Durante o carnaval o vereador Marco Prisco estará nas ruas de Salvador ouvindo reclamações e sugestões dos PMs. “E tudo que será coletado servirá para a construção da pauta de reivindicações da categoria para 2013. Vamos continuar lutando pelos direitos dos militares”, garantiu.


Fonte: Bocão News.