sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Greve da PM atinge pré-Carnaval em Salvador, turismo tem impacto


A paralisação da Polícia Militar da Bahia começava a tirar parte do brilho das tradicionais festas pré-Carnaval de Salvador e, a dez dias do início da festa, já tinha impacto negativo na época mais lucrativa para o turismo da cidade.
bahia
Os hotéis da capital da Bahia negam haver uma desistência em série de foliões, mas relatam preocupação dos visitantes, sobretudo dos estrangeiros
Desde o início da greve, em 31 de janeiro, foram registrados 130 homicídios no Estado e a paralisação, que chegou ao nono dia na quarta-feira, elevou os índices de roubos, assaltos e homicídios daBahia, Estado que tem uma das maiores taxas de criminalidade do país.
Com o Carnaval de rua de Salvador, um dos maiores do mundo, a cidade tinha a expectativa de atrair 2 milhões de foliões neste ano, 500 mil deles estrangeiros, segundo a empresa municipal de turismo. A festa gera cerca de 210 mil empregos.
– Ôôô, o Carnaval acabou– gritaram em coro policiais grevistas do lado de fora da Assembleia Legislativa, em Salvador, onde cerca de 300 policiais militares estão acampados desde o início da greve na terça-feira da semana passada.
Próximos ao cerco que tropas federais impõem à Assembleia, os manifestantes entoaram um coro que expressa um sentimento que o setor de turismo tenta evitar diante do aumento das tensões.
Atrações pré-Carnaval, que teriam a participação de estrelas disputadas como Ivete Sangalo e Claudia Leitte, foram canceladas devido à greve, e operadores de turismo já contabilizam desistências devido à paralisação.
– O impacto já houve, está acontecendo e é grande. Turismo é muito sensível e vai haver uma diminuição das vendas–  disse o presidente da seção baiana da Associação Brasileira das Agências de Viagens, Pedro Galvão. “A imagem da Bahia já foi afetada, arranhada pela greve.”
Cerca de 10% do total dos pacotes fechados foram cancelados desde o início da paralisação, segundo Galvão, que previu desistências maiores caso o movimento não seja encerrado esta semana.
Os hotéis de Salvador negam haver uma desistência em série de foliões, mas relatam preocupação dos turistas, sobretudo dos estrangeiros.
– Os turistas estrangeiros estão ligando para saber. Quem não comprou ainda está aguardando o desfecho, ainda tem uma semana que será crucial– disse o gerente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis na Bahia, Luis Blanc.
Mais de 3 mil homens das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Força Nacional de segurança Pública foram enviados às ruas da Bahia para manter a ordem durante a greve, que é apoiada por cerca de 20% dos 31 mil policiais militares, segundo estimativas da PM baiana.
Os policiais grevistas pedem reajuste salarial e incremento nas gratificações. O governo Jacques Wagner (PT) ofereceu reajuste de 6,5% retroativo a 1o de janeiro e aumento escalonado nas gratificações.
O maior impasse para um acordo, no entanto, é a reivindicação de que sejam revogados 12 mandados de prisão emitidos contra líderes da paralisação e para que os participantes da greve sejam anistiados. O governo baiano rejeita os dois pedidos.
Sem um acordo entre grevistas e governo, a situação voltou a ficar tensa em frente à Assembleia Legislativa na manhã desta quarta. Mil soldados do Exército que cercam o prédio desde segunda-feira fecharam todos os acessos, impedindo a entrada de pessoas e mantimentos.
Cartões-postais da cidade, como o Pelourinho e o Farol da Barra, estão sendo patrulhados pelos homens do Exército, mas em outras ruas menos disputadas da cidade, poucos deles eram vistos.

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